25/07/2013

Democracia Frustada


Estatuto do Nascituro proíbe pesquisa com células-tronco

Por Brunello Stancioli e Nara Pereira Carvalho

Proposto em 2007 por meio do projeto de lei 478, o Estatuto do Nascituro tem recebido uma série de críticas à sua promulgação. Com conteúdo frequentemente associado a preceitos religiosos, a proximidade da vinda do papa ao Brasil neste mês de julho contribuiu para que as manifestações se acirrassem.

No entanto, os debates em torno do projeto têm se centrado em temas atinentes ao aborto apenas – a provável inviabilização da sua prática nos casos de estupro, a apelidada "bolsa estupro", o direito ao livre uso do corpo pelas mulheres etc. Embora se tratem de colocações plausíveis, cuja abordagem é necessária face uma possível aprovação do Estatuto, pouco ou nada se tem dito sobre as repercussões que ele também terá em outras duas questões de grande relevância hoje: 

a)a inviabilização da prática das pesquisas com células-tronco embrionárias; 
b)a inviabilização da fertilização in vitro.

Nascituro in vitro?
Ao tratar da proteção ao nascituro, o projeto traz, em seu artigo 2º, a definição legal do termo, até então ausente no ordenamento jurídico brasileiro. Nascituros seriam todos os embriões, inclusive os que não estão em desenvolvimento no útero materno:

Art. 2º Nascituro é o ser humano concebido, mas ainda não nascido.

Parágrafo único. O conceito de nascituro inclui os seres humanos concebidos "in vitro", os produzidos através de clonagem ou por outro meio científica e eticamente aceito.

Retoma-se, assim, questão já discutida pelo Supremo Tribunal Federal, quando em pauta a ADI-3.510, que tinha por objeto a constitucionalidade do artigo 5º da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005), o qual passou a autorizar as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. Na decisão, de 2010, concluiu-se pela viabilidade das pesquisas e, em diversas oportunidades do julgamento, abordou-se o significado de nascituro, reforçando-se que este é o ser em desenvolvimento no útero materno (ADI-3.510, voto dos ministros Ayres Britto, p. 39; Cezar Peluso, p. 6; Eros Grau, p. 5; Lewandowski, p. 22; Marco Aurélio, p. 10), e da inexistência de direitos da personalidade dos embriões a serem utilizados nas pesquisas.

Para logo se vê, destarte, que aí, no texto legal, embrião não corresponde a um ser em processo de desenvolvimento vital, em um útero. Embrião é aí, no texto legal, óvulo fecundado congelado, isto é, paralisado a margem de qualquer movimento que possa caracterizar um processo. Lembre-se de que vida e movimento. Nesses óvulos fecundados não há ainda vida humana. [...] Não ha vida humana no óvulo fecundado fora de um útero que o artigo 5º da Lei n. 11.105/05 chama de embrião. A vida estancou nesses óvulos. Houve a fecundação, mas o processo de desenvolvimento vital não é desencadeado. Por isso não tem sentido cogitarmos, em relação a esses "embriões" do texto do artigo 5º da Lei n. 11.105/05, nem de vida humana a ser protegida, nem de dignidade atribuível a alguma pessoa humana (ADI-3510, voto do ministro Eros Grau, p. 8-9).

Nesse sentido, o projeto vai de encontro a tema já pacificado pelo STF, ao colocar, por exemplo, e explicitamente, os direitos à vida, à integridade física (artigo 3º) e à convivência familiar (artigo 4º) do embrião congelado, numa provável tentativa de coibir a existência de embriões criopreservados. Contudo, tais disposições acabam por repercutir na prática das pesquisas com células-tronco embrionárias e na própria fertilização in vitro.

A inviabilização das pesquisas com células-tronco embrionárias
Uma das consequências imediatas da aprovação do projeto de lei é a impossibilidade de realização das pesquisas com células-tronco embrionárias no país – as quais já foram autorizadas por lei e declaradas constitucionais. 

Primeiro porque tais pesquisas pressupõem a existência de embriões que nunca serão implantados no ventre materno – e, portanto, nunca terão a convivência familiar que o projeto de lei lhes assegura. Segundo porque a extração das células-tronco implica a destruição do embrião do qual as células são retiradas, de modo que os direitos à vida e à integridade física do embrião congelado seriam desrespeitados.

Mais além, o projeto prevê, em seu artigo 25, pena de detenção de um a três anos e multa àquele que congelar, manipular ou utilizar nascituro como material de experimentação. A pesquisa é impedida de inúmeras formas e, curiosamente, tal aspecto tem passado bastante despercebido nas discussões do Legislativo ou mesmo da sociedade civil – ao contrário do que ocorreu à época em que a ADI-3.510 foi julgada no STF. 

A inviabilização da fertilização in vitro
Da mesma maneira, os citados artigos 3º e 4º do projeto também importam prejuízos à fertilização in vitro, pois a única forma de compatibilizar o projeto com a técnica seria que todos os embriões fertilizados em laboratório fossem implantados. 

Tal prática, no entanto, é pouco utilizada. Visando à maior efetividade possível do procedimento, via de regra, são fertilizados mais embriões do que os implantados, e apenas os viáveis, dentro do limite previsto pela Resolução 2.013/2013 do Conselho Federal de Medicina, são implantados na mulher.

Assim, e considerando que o procedimento de fertilização in vitro é custoso, seja pela perspectiva financeira, seja pela medicação e dosagens hormonais a que a mulher é submetida, seja pelas expectativas sentimentais envolvidas, não se implanta o número exato de embriões que foram fertilizados.

Outra questão a ser considerada é que o diagnóstico pré-implantatório, prática auxiliar à fertilização in vitro, também seria inviabilizado pelo Estatuto do Nascituro, já que, através dele, seriam identificadas doenças graves num embrião, e que, a partir de então, não seria mais considerado no procedimento de fertilização. Pelo Estatuto, qualquer discriminação entre embriões estaria vedada.

Um Retrocesso não Explícito
Para além das implicações atinentes ao aborto, o projeto de lei sobre o Estatuto do Nascituro repercute nas pesquisas com células-tronco embrionárias e na fertilização in vitro, questões que vêm sendo debatidas e reconhecidas ao longo de anos.

Simultaneamente, e sem serem apresentadas justificativas para tanto, são limitados o livre planejamento familiar (direito humano-fundamental, conforme artigo 226, parágrafo 7º, da Constituição de 1988) e o progresso científico, em meio a um retrocesso que não foi sequer explicitado. 

Numa democracia, é importante que o devido processo legislativo seja acompanhado por debates públicos, nos quais se tenham clareza e se evidenciem os fundamentos que amparam a produção da norma. Nada disso foi feito em relação a esse projeto de lei. Frustram-se, de maneira insidiosa, democracia, ciência e livre planejamento familiar.

Brunello Stancioli é professor na Faculdade de Direito da UFMG, mestre e doutor pela UFMG e Pós-Doutor pela Universidade de Oxford

Nara Pereira Carvalho é mestra e doutoranda em Direito pela UFMG, professora da graduação em Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora e membro do Grupo Persona, da UFMG

Revista Consultor Jurídico, 24 de julho de 2013

 



24/07/2013

Cresce as preocupações com a saúde da mulher negra no Estado do Piauí

O que há de diferente em relação à saúde da mulher negra? É o primeiro questionamento quando se discute a saúde e as condições deste público em especial.
Para a presidente do Instituto da Mulher Negra do Piauí – Ayabás – Halda Regina, a mulher negra sofre pelo menos dois tipos de preconceito, o racial e o de gênero, onde ela considera que há uma diferença significativa entre mulheres negras e não negras, principalmente na qualidade da saúde física e mental.
"Logicamente esta diferença social afeta diretamente a saúde da mulher negra. Nós mulheres negras somos pretensas a termos pressão alta, por conta também da nossa condição: desemprego, chefes de família, condição social, dificuldades de ascensão, dentre outros, além da própria violência sofrida por mulheres negras em seu ambiente de trabalho (assédio), péssimo atendimento nos postos de saúde, e sobre a gravidez, quando no momento do parto, segundo relato de algumas mulheres, o atendimento a estas é demorado, por conta do estigma que nós somos mais fortes e resistimos mais tempo às dores".
Impropérios como esses são ignorados em razão de uma falsa sensação de igualdade, como a pergunta que inicia esta matéria. A saúde da mulher negra está diretamente associada ao racismo e principalmente o tipo institucional, ainda de acordo com a presidente do Ayabás.
"Diversas mulheres precisam diariamente se impor para combater a discriminação racial e de gênero e garantir às mulheres negras um atendimento de saúde digno".
Além do abandono institucional, existem riscos de doenças físicas maiores nesta população, como hipertensão arterial, anemia falciforme, câncer de colo do útero, câncer de mama, diabetes mellitus, doença inflamatória pélvica, lúpus eritematoso sistêmico, miomas ou fibromas.

Dificuldades na atenção à saúde

"Uma das dificuldades é orientar estas mulheres no sentido de denunciar as práticas discriminação racial nos serviços de saúde e de capacitar os profissionais de saúde sobre os temas de raça, saúde e gênero sob a perspectiva dos direitos humanos", desabafa Halda Regina.
Não existem políticas públicas direcionadas no Piauí ou em Teresina, tampouco dados sobre a situação da saúde da mulher negra no Piauí. O que se sabe é que atualmente um dos principais problemas das mulheres é a violência a qual são submetidas, seja a agressão sexual ou psicológica.
"Em nível nacional existem políticas voltadas para a população negra, além de decretos onde apontam para cada Estado criar um comitê técnico de saúde da população negra, para que haja eficácia nas ações voltadas para este fim.
A criação dentro das Secretarias de Saúde de uma equipe para coordenação de equidade, onde esta política está inserida. Alguma cartilhas foram já publicadas pelo Ministério da Saúde (MS) junto com a Secretaria Especial de Politicas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Mas muitas mulheres continuam morrendo por falta de atendimento, formação e informação", explica Halda Regina.
Sobre a criação de políticas exclusivas em Teresina, a vereadora Rosário Bezerra, que possui grande representatividade nesta discussão dentro da capital, explica que ainda não há nada específico, mas que os debates já iniciaram.
"Já estamos realizando seminários com entidades ligadas à saúde da mulher negra para a elaboração de projetos específicos, até porque existem especificidades raciais e doenças que incidem mais sobre as mulheres negras. Esta mulher é atendida nas unidades de saúde com outro olhar.
Ela não é examinada como deveria e não recebe a atenção que merece. O diagnóstico nem sempre é aprofundado e as consultas são feitas de forma mais rápida que as outras, sem a mesma preocupação", enfatiza.

Afroresiliências e saúde psicológica

Afroresiliência, um neologismo criado pela professora e psicóloga Luciênia Martins no desenvolvimento de sua a tese de doutorado 'Afrorresilientes: a resiliência de mulheres afrodescendentes de sucesso educacional', tendo como principal problemática a capacidade da mulher negra em lidar com os desafios impostos pelo preconceito.
"Estudar a resiliência em mulheres afrodescendentes é uma tentativa de conhecer de forma sistemática os fatores psicológicos que favorecem a superação de situação de adversidade. De acordo com os números do IBGE, estes obstáculos não são poucos.
A afroresiliência trata de uma temática relevante e muito recente advinda da Psicologia Positiva, focalizada na perspectiva das mulheres afrodescendentes de Teresina. Apesar de não ser conhecida por muitos, a resiliência é vivida, de uma forma ou de outra, por cada um de nós", esclarece a pesquisadora Lucienia Martins.
O fator psicológico é outro ponto relevante da discussão sobre saúde feminina na população negra. Além das condições socioeconômicas, propensão maior a agravos de ordem genética, as violências as quais são mais impostas afetam gradualmente a saúde mental. A psicóloga e pesquisadora Lucienia destaca mais este aspecto em seu estudo.
"Ao que se refere à saúde emocional, são elas que mais sofrem violência doméstica, envolvem-se em situações de risco pela falta de oportunidade secularmente institucionalizada.
Mesmo com os avanços para próxima geração diante dos anos de escravismo criminoso, ainda há muitas consequências que precisam ser reparadas. A resiliência estudada é uma excelente defesa psicológica contra as agressões impostas pela sociedade contemporânea racista, sem confundi-la com insensibilidade ou conformismo ou, ainda, com resignação.
Isso implica dizer que resiliência na vida dessas mulheres deve ser percebida como um processo para crescimento, de positividade, ou melhor, de fortalecimento para situações estressoras que acontecerão", define.

FONTE:  Meio Norte 

11/07/2013

ESTATUTO DO NASCITURO

Em 10 de julho 2013. Brasilia,DF
Plantão Congresso NINJA

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias promove neste momento uma audiência pública a respeito da polêmica lei conhecida como Estatuto do Nascituro. 

O presidente da comissão, Marco Feliciano (PSC/SP), ampliou o chamado do que seria uma reunião ordinária a partir do requerimento do Deputado Henrique Afonso (PV/AC), configurando a audiência com o tema "Violação dos direitos humanos do nascituro" 

O debate público só foi divulgado no site da Câmara na noite de ontem, de forma que os movimentos que questionam a implantação do estatuto não tiveram tempo hábil para se organizar e estarem presentes. 

Manifestantes anti-aborto, portanto com a posição alinhada com a polêmica comissão presidida pelo pastor Feliciano, estão em grande número na audiência, que havia sido divulgada apenas no site do PSC desde do dia 05/07, e os convidados são o Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior e o deputado João Campos (PSDB/GO), autor do projeto de lei da Cura Gay. No plenário, também está presente o deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ).

Na abertura dos trabalhos, foi exibido um vídeo com imagens retiradas do google e youtube mostrando bebês e fetos em diferentes situações, o texto dos caracteres, abordava a questão de forma moralista, defendendo que o aborto é o assassinato do filho pela mãe.

Profissionais de imprensa de muitos veículos acompanham a audiência, inclusive o repórter Pedro Bial da rede Globo.

Fonte: Blogueiras Feministas

Violação dos direitos humanos: um termo em disputa

Fonte: Blogueiras Feministas

Hoje à tarde, a partir das 14h00, a falecida Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados se reúne para discutir "a violação dos direitos humanos do nascituro". O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da CDH, não escolheu o título do encontro à toa. Pelo contrário. Ao utilizar as palavras "direitos humanos" e "nascituro" na mesma frase, ele sabia bem o que estava fazendo: quer demonstrar o quanto está disposto a disputar esses termos.
Assim como "feminismo", "ecologia", "desenvolvimento" e "progresso" – entre tantas outras expressões – "direitos humanos" não têm uma identidade fixa. Estão totalmente abertos a significações e ressignificações, a depender do que está em seu entorno e de quem os utiliza.
Dessa maneira, enquanto a Corte Penal Internacional considera a gravidez forçada um crime de lesa humanidade, há quem diga que impedir o aborto para as mulheres que tenham engravidado após sofrerem um estupro é um "direito humano". Obrigá-las a continuar a gestação – que, vale a pena lembrar, só pode ser interrompida no começo –, ao invés de ser considerada uma violação ainda maior e um sofrimento sem tamanho, seria, então, uma questão de "justiça". Mas justiça para quem?
Há muitos atores, atrizes e circunstâncias envolvidos nessa disputa.
De um lado, temos a bancada religiosa, que se baseia em uma crença bastante restrita para argumentar que pode legislar para todo mundo. Um grupo que acredita em determinados pontos de vista querendo impô-los sobre o coletivo. E para reforçar essa estratégia, utiliza-se de chantagem política: quantas vezes, nos últimos tempos, não temos visto pastores e líderes avisando que o governo deve ter "cuidado" nos seus posicionamentos caso queira os votos dos evangélicos em 2014?
De outro lado, temos as mulheres – mais da metade da população mundial – reivindicando o direito de decidir sobre seu próprio corpo. A justificativa é bastante simples: elas não querem que outras pessoas possam escolher como serão as suas vidas.
Entre essas, estão as milhares de brasileiras que todos os anos interrompem gestações de maneira clandestina e em condições precárias, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS).
Vivemos um momento político de grande mobilização da sociedade brasileira. A propostas estão na mesa. Afinal, que tipo de direitos humanos queremos para o nosso país? Um que desrespeite aquelas que foram estupradas ou as que correm o risco de morrer durante a gravidez, como propõe o Projeto de Lei (PL) 478/2007, conhecido como Estatuto do Nascituro? Ou um que valorize a vida das mulheres?
Chegou a hora de decidirmos. Eu sou contra o Estatuto do Nascituro, e você?



ATO MÉDICO


Vitória da Saúde: Psicologia comemora decisão corajosa da presidenta Dilma ao vetar parcialmente o PL do Ato Médico

CFP inicia campanha pela manutenção dos vetos pelo Congresso

Na quarta-feira (10), a presidenta Dilma Rousseff, vetou parte do Projeto de Lei que, ao regulamentar a Medicina, interferiria nas atividades das outras categorias da Saúde. O CFP saúda a decisão da presidenta e comemora o fato de os vetos valorizarem o trabalho multiprofissional na Saúde e, em especial, no Sistema Único de Saúde.
Esta é uma vitória do esforço de mobilização das e dos profissionais da Psicologia que, ao lado das diversas profissões de Saúde, mantiveram aceso por 11 anos o debate sobre o tema. Nos últimos meses, a categoria atuou nas ruas e na internet de forma excepcional, garantindo a exposição do tema na sociedade.
O principal problema do projeto era o inciso 1º do artigo 4, que previa que a formulação do diagnóstico e a respectiva prescrição terapêutica seriam atividades privativas dos médicos, ou seja, determinaria que só eles poderiam diagnosticar doenças e decidir sobre o tratamento. No caso da Psicologia, as psicólogas e psicólogos não poderiam mais diagnosticar transtornos mentais.
Assim, o CFP apoia a decisão da presidente Dilma que, em seu veto, defendeu o Sistema Único de Saúde e a atuação integrada dos profissionais da área. A presidente ressaltou que a sanção do texto "poderia comprometer as políticas públicas da área de saúde, além de introduzir elevado risco de judicialização da matéria". Vale destacar, ainda, que nenhum ministério emitiu parecer favorável ao projeto.
 
Um longo trabalho
A Psicologia  esteve mobilizada nesses 11 anos pela não aprovação do PL. Foram inúmeras ações organizadas pelos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia, mobilizações, articulações em defesa não só da Psicologia, mas de toda a população brasileira que seria afetada pelo Ato Médico. Este processo de luta se deu ao lado da Frente dos Conselhos das Profissões da Área da Saúde (Fcpas), do Fórum das Entidades Nacionais dos Trabalhadores da Área da Saúde (Fentas) – do qual a Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi) participa, das entidades nacionais da Psicologia organizadas em torno do Fórum das Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB), de associações nacionais de ensino, como a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep), profissionais e estudantes de área da saúde e, principalmente, junto com a sociedade brasileira.
Agradecemos a todas e todos que estiveram envolvidos nessa luta e que hoje podem comemorar o resultado. Reafirmamos que somos favoráveis à regulamentação da atividade das e dos médicos desde que não fira a autonomia das outras 13 profissões da Saúde e do usuário na escolha do tratamento, além de não desconstruir as políticas vigentes no Sistema Único de Saúde.
Próximo passo
O próximo passo é continuar as mobilizações para que o Congresso Nacional mantenha os vetos da presidenta Dilma, garantindo assim, definitivamente, o respeito ao trabalho de todos no atendimento integral à população tanto nas políticas públicas de saúde como no âmbito privado.
Apenas os vetos voltam para o Congresso Nacional, com o prazo máximo de 30 dias para apreciação.
Saúde se faz em equipe!
Valeu o veto Dilma Rousseff, vitória da saúde coletiva brasileira!
Contribuição: Fernanda Coelho, MG

05/07/2013


Brasil sediará conferência global sobre doença falciforme

Joice Aragão: Sensibilidade à frente da batalha (Foto: Fabiana Veloso)

Joice Aragão: trabalho incansável no Brasil e no mundo (Foto: Fabiana Veloso)

Está confirmada a realização no Brasil da Conferência da Rede Global sobre Doença Falciforme (GSCDN, na sigla em inglês), que deverá ocorrer entre os dias 09 e 11 de abril de 2014, na cidade do Rio de Janeiro. O evento, um dos mais importantes sobre essa temática em nível mundial, deverá ser realizado concomitantemente com a Conferência da Iniciativa Mundial para Estudos Sociais sobre Hemoglobinopatias (WISSH, na sigla em inglês).

Segundo Joice Aragão, coordenadora do Programa Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme do Ministério da Saúde, os eventos terão o apoio institucional do HemoRio e de outros parceiros brasileiros. A primeira conferência tem um caráter mais técnico, e vem sendo usada como espaço de intercâmbio internacional entre os pesquisadores da doença falciforme em várias partes do mundo. O segundo evento tem um cunho mais sociológico e agrega pesquisadores de outras áreas além da área da saúde e medicina.

O Brasil vem se firmando na articulação internacional com a pesquisa para as doenças falciformes. Nossos pesquisadores já possuem uma imagem positiva lá fora. O Ministério da Saúde tem estreitado laços colaborativos com órgãos públicos e privados de saúde, especialmente em África. O desafio é que esse esforço seja revertido em soluções práticas para aumentar a longevidade e a qualidade de vida dos brasileiros vitimados pela hemoglobinopatia falciforme.



04/07/2013

A dor invisível

Gurias: Este é o primeiro texto de uma série sobre dependências químicas e sofrimento mental entre mulheres. São poucos os artigos com recorte de gênero, daí minha iniciativa.

Regina Abrahão *

Assunto bem difícil este que teimei em escolher. Afinal, para falar sobre drogadição, campanhas, prevenção danos provocados e mais aspectos ainda o que não nos faltam são informações genéricas, trazidas pela mídia, por revistas de caráter, digamos, técnico.


Temos os assombrosos números da violência para corroborar quaisquer conclusões acerca da realidade, enxergamos nas madrugadas os pervas(¹) desfilando seus olhos arregalados, buscando, de alguma forma remediar o sofrimento da abstinência.

O que deixamos de enxergar é o que me preocupa. As mulheres que acompanham estes pervas, e mesmo junto a eles são absorvidas pela invisibilidade que antes os negros, os índios, os gays, os portadores de necessidades especiais. 

A 2ª Guerra foi palco e incubadora para várias drogas. Estadunidenses recebiam tabaco e uísque, alemães se mantinham alertas consumindo anfetaminas e soviéticos aqueciam-se com vodca.

Em outras guerras outras drogas já tiveram seu uso, mas aqui o importante é ressaltar o uso das drogas ditas lícitas, o álcool, anfetaminas e tabaco. A propósito, na Alemanha nazista mulheres fumantes eram mal vistas e geralmente descartadas enquanto procriadoras. Os impostos sobre o cigarro eram altos, e seu uso desaconselhado.

Com o fim da guerra, com a volta dos soldados estadunidenses, o tabaco e o cigarro tiveram seu uso popularizado. Como parte do plano Marshall, os EUA repassavam, na forma de contrabando, cerca de 70 toneladas anuais de tabaco para a Alemanha. E se antes da guerra mulheres fumantes eram consideradas de má fama, na década de 50 já eram aceitas como liberais. Também o uso de álcool era tolerado e por vezes glamourizado, desde que respaldado por uma companhia masculina.

Grupos de homens bebendo após o trabalho, em comemorações, para aliviar tensões sempre foram vistos com naturalidade. E as mulheres? Não é possível obtermos índices confiáveis sobre alcoolismo entre mulheres nas décadas de 50 e 60 por uma razão simples: Mulheres só bebiam socialmente e acompanhadas. Os truques eram muitos. Destilados em garrafas de vinagre ou detergente, o mascar constante de balas, cravos, e alho, a "soneca" depois do almoço que durava quase até a noite. O tabaco, mais aceito e não tão desmoralizante, acompanhava o álcool. 

Também os anorexígenos, à base de anfetaminas e os barbitúricos, depois substituídos pelos benzodiazepínicos. Todas elas drogas legais, lícitas, fazendo girar a economia e a indústria farmacêutica.

Nos anos 60, com a disseminação da heroína, LSD e outras drogas, ficou explícito seu uso por homens e mulheres. Mas quando a sociedade ou a polícia se referia aos usuários, na ficção, na literatura, eram os homens que percorriam as estradas, contestavam valores, viciavam-se. 
O efeito das drogas no organismo da mulher é bem mais intenso do que nos homens. 

O tempo de tratamento, o grau de dependência e a letalidade também são maiores. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 2012, SP, duas em cada dez mulheres costumam abusar regularmente do álcool. Paradoxalmente, apenas sete das oitenta vagas do Caps (Centro Psicossocial de Atenção ao abuso de Drogas e/ou Álcool) são ocupadas por mulheres.

Os dados contrastam com a média dos levantamentos feitos por institutos, universidades e o próprio CAPS.De acordo com o levantamento realizado pelo Centro de informações de Saúde e Álcool (http://www.cisa.org.br/), a proporção de mulheres maiores de 18 anos que consumia bebidas alcoólicas era de uma para cada sete homens. Hoje, o número é igual. 

É necessário entender os fatores sociais, econômicos, profissionais, aliados ao preconceito e a vergonha em admitir a dependência. Afora o fato que muitas mulheres, enquanto maridos ou afeto buscam tratamento, mantém casa e família com os recursos da prostituição, o que praticamente inviabiliza o tratamento próprio.

Pervas – usuários de crack que só saem à noite, oferecendo e cobrando as companheiras em troca de drogas.

Regina Abrahão - Secretária de Comunicação CUT Metropolitana RS

02/07/2013

Pesquisa avalia equilíbrio e força muscular em mulheres com osteoporose no início da menopausa

Depois de testes com 126 mulheres entre 2009 e 2010, uma pesquisa avaliou se aquelas que estavam no período inicial da menopausa e tinham osteoporose lombar apresentavam menos equilíbrio ou força muscular na comparação com pessoas na mesma faixa etária (entre 55 a 65 anos) que não desenvolveram a doença. O resultado é que, no início da menopausa, as mulheres não têm alteração desses fatores, o que quer dizer que, se mantiverem o equilíbrio e a força, há menos risco de terem quedas ou fraturas no futuro.

O autor da pesquisa, Guilherme Carlos Brech, ortopedista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, lembra que mulheres com osteoporose apresentam mais risco de quedas e fraturas. "Mais exercícios no início da menopausa vão ajudar a fortalecer os músculos e estabelecer maior firmeza e força, com menos perda de equilíbrio e quedas. Em mulheres com osteoporose isso seria ainda pior", disse.
De acordo com o médico, a análise partiu de um estudo no qual foram comparados dois grupos de 15 mulheres cada. Em um deles, as mulheres sofriam de osteoporose e no outro, não. Na análise principal, foram avaliadas 126 pacientes que viviam no período pós-menopausa, com idade entre 55 e 65 anos, atendidas no Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) e no Instituto Central do Hospital das Clínicas.
As participantes da análise responderam a questionários sobre o nível de atividade física e foram submetidas a uma avaliação do equilíbrio postural, força muscular de joelho, nível de vitamina D, entre outros pontos.
Mesmo para mulheres com osteoporose, a prática de exercícios se aplica. "Sabemos que em uma fase mais avançada da menopausa, as mulheres com osteoporose têm uma queda da força e do equilíbrio. Isso ainda não aparece no início da menopausa, então se for mantida uma rotina de exercícios desde o início dessa fase possivelmente no decorrer [da menopausa] não vão ter esse risco de queda aumentado", explicou Brech.
O ortopedista ressaltou que outros estudos estão sendo feitos para aprofundar as questões de força muscular e equilíbrio associados à osteoporose. "Queremos entender por que em uma fase tardia da menopausa elas têm essa perda de equilíbrio e força. Se é pela falta de atividade física ou por outro tipo de incapacidade, por medo de sair na rua e quebrar um osso."

Fonte: EBC
Postado por MONICA AGUIAR 
Fonte: Blog Mulher Negra

01/07/2013

CONVITE




CONVITE




ERISIPELA


Erisipela é uma infecção cutânea causada geralmente pela bactéria Streptcoccus pyogenes do grupo A, mas pode também ser causada por Haemophilus influenzae tipo B, que penetram através de um pequeno ferimento (picada de inseto, frieiras, micoses de unha, etc.) na pele ou na mucosa, disseminam-se pelos vasos linfáticos e podem atingir o tecido subcutâneo e o gorduroso.

Na maioria dos casos, a lesão tem limites bem definidos e aparece mais nos membros inferiores. Embora menos frequente, ela pode localizar-se também na face e está associada à dermatite seborreica.

Constituem grupo de risco para a infecção pessoas com excesso de peso, portadoras de diabetes não compensado, de insuficiência venosa nos membros inferiores, as cardiopatas e nefropatas com inchaço nas pernas, as imunossuprimidas ou com doenças crônicas debilitantes.

Sintomas

Os primeiros sintomas – febre alta, tremores, mal-estar, náuseas, vômitos – podem instalar-se precocemente. A lesão na pele vem acompanhada de dor, rubor (vermelhidão) e edema (inchaço). Em alguns casos, formam-se bolhas ou feridas, sinal da necrose dos tecidos.

Diagnóstico

O diagnóstico é essencialmente clínico. Às vezes, pode-se recorrer à biópsia e ao exame de cultura, mas esse não é o procedimento de rotina.

Tratamento

Na fase inicial da doença, antibióticos orais, repouso e elevação do membro afetado por pelo menos duas semanas costumam ser suficientes para a regressão do processo infeccioso, se a pessoa estiver em condições físicas favoráveis. A resposta é mais rápida, quando é ministrada penicilina por via intramuscular (benzetacil).

Em muitos casos, o uso dos antibióticos deve ser repetido periodicamente, por tempo a ser determinado pelo médico, para evitar as erisipelas de repetição.

Recomendações

* Siga rigorosamente o tratamento prescrito para evitar as crises de repetição. Mal controlada, a erisipela pode ter consequências graves;

* Enxugue bem o vão entre os dedos dos pés para evitar a proliferação de fungos. Eles podem provocar lesões por onde penetrará a bactéria causadora da erisipela;

* Lembre-se que o portador de diabetes, esteja a doença compensada ou não, pode perder parte da sensibilidade nos pés, o que os torna mais suscetíveis a ferimentos e infecções pelo estreptococo. Se não conseguir examiná-los sozinho, pelo menos uma vez por semana, peça ajuda para verificar se não há sinal de micose entre os dedos, bolhas, pequenos cortes ou calosidades que possam transformar-se em porta de entrada para bactérias. A escolha dos calçados deve ser criteriosa;

* Use meias elásticas para reduzir o edema das pernas;

* Não se automedique; ao perceber os sintomas iniciais da erisipela, procure assistência médica para diagnóstico e tratamento;

* Tente manter o peso nos limites recomendados.

Fonte: Dr Dráuzio Varella

SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!


Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.


Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.

A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.

Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.

Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.

No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!

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Principais Resultados da Pesquisa

  • Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.

  • No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.

  • As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.

  • A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.

  • Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.

  • Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
  • O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.

  • As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.


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