05/12/2012

MULHERES NEGRAS E BRANCAS E AS DESIGUALDADES EM SAÚDE, RACISMO COMO DETERMINANTE SOCIAL*


Autoras - Emanuelle F. Goes e Enilda R. do Nascimento

As desigualdades no Brasil fazem parte da formação histórica, das dinâmicas da sociedade e de suas estruturas. Há uma espécie de lógica estabelecida na sociedade que produz e mantém, ao longo da historia, hierarquias, possibilidades e lugares sociais.
Tais desigualdades se manifestam frequentemente em estereótipos e nas intolerâncias polarizadas em torno da raça/cor, assim como nas relações de gênero e outras diversidades sociais, pois as relações raciais estão enraizadas na vida social do indivíduo, grupos e classes sociais, afetando-o.
E as barreiras geradas pelas desigualdades raciais e pelo racismo são determinantes para o processo de saúde e doença das mulheres, especificamente as mulheres negras. Estas barreiras geradas pelo racismo institucionalizado impedem a utilização e o acesso das mulheres negras aos serviços de saúde, quando comparadas com as brancas, uma vez que as iniquidades raciais na saúde privam e violam o direito ao acesso e às condições dignas de saúde.
O estudo tem como objetivo determinar os diferenciais das características sociodemográficas e de saúde em relação ao acesso dos serviços preventivos de mulheres na Bahia, segundo raça/cor. Trata-se de um estudo quantitativo, onde as variáveis categóricas foram descritas por meio de distribuições de frequências (uni e bi variadas). Para verificar as diferenças entre as proporções foram utilizados os testes estatísticos Qui-quadrado de Pearson ou o Exato de Fischer (quando necessário).
Sobre os resultados obtidos pode ser observado que o acesso em relação à raça/cor foi observado que para o acesso considerado bom as mulheres brancas representam 15,4%, enquanto que as mulheres negras 7,9% do total e, para o acesso regular, o indicador é representado por mais de 10% das mulheres (11,8% brancas; 13,6% negras).  E a relação entre o acesso, a raça/cor e os níveis de instrução revela redução do acesso entre as mulheres com menores níveis de instrução, pois as mulheres sem instrução 90,6% das mulheres negras e 92,8% das mulheres brancas não acessam o serviço.
O estudo evidenciou que, em alguma medida, o racismo e as desigualdades raciais surgem como barreiras no acesso aos serviços preventivos para a saúde das mulheres negras. E que as desigualdades raciais são determinantes sociais na saúde, que impactam nas condições de vida e no processo de adoecimento.


*Trabalho apresentado no 10º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, Porto Alegre, 2012. Publicado nos Anais de Resumo do Congresso (http://aconteceeventos.sigevent.com.br/anaissaudecoletiva/imprimir.php?id_tc=4100)


Postado por Emanuelle Goes no População Negra e Saúde  

28/11/2012

LBL reconduzida à titularidade no Conselho Nacional de Saúde

Ontem aconteceu a votação para vagas no COnselho Nacional de Saúde.
A LBL continua ocupando uma das cadeiras de titular, ficando a primeira suplência com as companheiras da ANTRA (Associação Nacional de Travestis/Transexuais) e a segunda suplência com a ABGLT.

A Companheira Verônica Lourenço, da LBL Paraíba, ocupa a vaga representando a população LGBT.

Parabéns companheira, pelo trabalho e pela recondução à vaga.

23/07/2012

Guia do HPV já está disponível na internet

20/07/2012 - Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Camisinha impede totalmente o contágio pelo papilomavírus humano (HPV)? Quais as doenças que o HPV pode causar? Existe cura? Como diagnosticar a infecção? Para responder a essas e a outras dúvidas muito comuns na população acaba de ser lançado o Guia do HPV.
A obra foi editada por especialistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Doenças Associadas ao Papilomavírus (INCT-HPV), – financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – e coordenada por Luisa Lina Villa, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Villa conta que os textos foram originalmente reunidos para servirem de material de consulta para jornalistas que participaram de um workshop promovido pelo Instituto do HPV em junho, na Santa Casa de São Paulo.
"Agora estamos dando uma divulgação mais ampla, pois essas informações podem ser úteis para outros grupos, principalmente estudantes de pós-graduação, graduação e nível médio. Pode ainda auxiliar os pais a entender como agem as vacinas e quais são as outras formas de prevenção existentes, já que a imunização ainda não está disponível na rede pública", disse.
Segundo a pesquisadora, o primeiro passo para se proteger é conhecer as doenças causadas pelo HPV. Entre os mais de 100 tipos diferentes do vírus, de 30 a 40 podem afetar as áreas genitais de ambos os sexos, provocando doenças como verrugas genitais, cânceres de colo do útero, vagina, vulva, ânus e pênis. Além disso, provocam tumores benignos e malignos na garganta.
"Muitas vezes a infecção é assintomática e as pessoas nem ficam sabendo que estão contaminadas, mas podem transmitir o vírus. Muitos também confundem o HPV com o vírus da hepatite ou com o HIV", afirmou.
Apesar da desinformação ainda ser grande, a infecção por HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum. Estima-se que existam 600 milhões de pessoas infectadas no planeta. Entre 75% e 80% da população adquire um ou mais tipos de HPV em algum momento da vida.
O vírus se instala na pele ou em mucosas. Em qualquer tipo de contato com a área genital de uma pessoa infectada pode ocorrer a transmissão. Embora seja raro, o vírus pode propagar-se também pelo contato com mão, pele, objetos, toalhas, roupas íntimas e até pelo vaso sanitário. Calcula-se que o uso da camisinha consiga barrar entre 70% e 80% das transmissões.
Mais informações no site www.incthpv.org.br/default.aspx

25/06/2012

Mulheres negras e pobres são mais vulneráveis ao aborto com risco, mostra dossiê

A frequência é maior entre mulheres com menor nível de escolaridade, diz pesquisa
Agência Brasil
Uma série de pesquisas realizadas no Brasil mostra que as desigualdades social e racial típicas do país desde a época colonial marcam também a prática do aborto. Descreve em artigo científico inédito a antropóloga Débora Diniz, da UnB (Universidade de Brasília) e do Anis (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero), e o sociólogo Marcelo Medeiros, também da UnB e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

— As características mais comuns das mulheres que fazem o primeiro aborto é a idade até 19 anos, a cor negra e com filhos.

O texto, relativo a uma etapa da PNA (Pesquisa Nacional de Aborto), será publicado em julho na Revista Ciência e Saúde Coletiva, da Abrasco (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Pública). A edição traz um dossiê sobre o aborto no Brasil, produzido com pesquisas feitas para o Ministério da Saúde e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). 

Diniz e Medeiros coordenaram, entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, levantamento com 122 mulheres entre 19 e 39 anos residentes em Belém, Brasília, Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em Salvador. 

Segundo os autores, a diferenciação sociorracial é percebida até no acompanhamento durante o procedimento médico.

— As mulheres negras relatam menos a presença dos companheiros do que as mulheres brancas. Dez mulheres informaram ter abortado sozinhas e sem auxílio, quase todas eram negras, com baixa escolaridade [ensino fundamental] e quatro delas mais jovens que 21 anos.

Os dados confirmam resultados encontrados pelos dois pesquisadores em 2010, quando verificaram, por meio de pesquisa de urna (método em que a entrevistada não se identifica no questionário que preenche e deposita em caixa vedada), que "o aborto é comum entre mulheres de todas as classes sociais, cuja prevalência aumenta com a idade, com o fato de ser da zona urbana, ter mais de um filho e não ser da raça branca". 

Conforme a pesquisa de 2010, 22% das mulheres brasileiras de 35 a 39 anos, residentes em áreas urbanas, já fizeram aborto. No levantamento, o aborto se mostrou mais frequente entre mulheres com menor nível de escolaridade, independentemente da filiação religiosa. Wilza Vieira Villela, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que pesquisou o aborto induzido entre as mulheres com HIV/aids, comenta:

— Esses dados demonstram que o aborto é prática disseminada, apesar da sua ilegalidade, constituindo-se questão para a saúde pública.
Da mesma forma, o artigo de Rebeca de Souza e Silva, do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, confirma a tese de que a desigualdade social afeta o acesso à prevenção da gravidez e também a qualidade do aborto. De acordo com seu estudo comparativo entre mulheres casadas e solteiras residentes na cidade de São Paulo, "as solteiras recorrem proporcionalmente mais ao aborto provocado (…). Contudo, as mais pobres, com menor escolaridade e maior dificuldade de acesso às benesses do mundo moderno, continuarão pagando alto preço – que pode ser a própria vida – pela opção de provocar um aborto". 

Souza e Silva defende a legalização do aborto, por entender que o problema "só será resolvido se o acesso aos serviços de qualidade for equitativo" e que "a ilegalidade traz consequências negativas para a saúde das mulheres, pouco coíbe essa prática e perpetua a desigualdade social, uma vez que os riscos impostos pela tal ilegalidade são vividos, sobretudo, pelas mulheres menos escolarizadas, geralmente as mais pobres, e pelas que não têm acesso aos recursos médicos para o aborto seguro". 

Estela Aquino, do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba (Universidade Federal da Bahia), disse:
— As restrições legais não coíbem a prática [do aborto] no país, mas reforçam desigualdades sociais, já que as mulheres mais pobres fazem o aborto de modo inseguro, gerando hospitalizações desnecessárias e representando riscos à saúde.

No Brasil, o aborto voluntário é ilegal e tipificado como crime no Código Penal. O aborto é autorizado em caso de estupro e de risco de morte da mulher. Neste semestre, o Supremo Tribunal Federal confirmou jurisprudência praticada em vários tribunais que já permitiram a interrupção da gravidez de fetos anencéfalos (malformação no tubo neural, no cérebro).

SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!


Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.


Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.

A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.

Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.

Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.

No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!

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Principais Resultados da Pesquisa

  • Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.

  • No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.

  • As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.

  • A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.

  • Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.

  • Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
  • O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.

  • As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.


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